Cerrado: quais medidas podem ser tomadas para reduzir o desmatamento?

Com metade de todo cerrado brasileiro desmatado, principalmente pelo avanço do agronegócio, quais medidas podem ser tomadas?

Iniciativas da sociedade civil, como a do Instituto Cerrados, buscam se aliar à tecnologia para combater o desmatamento. O aplicativo Suindara permite uma resposta mais rápida para áreas verificadas de incêndio ou desmatamento, como explica o diretor do Instituto Cerrados, Yuri Salmona.

“Ele envia para o celular dos usuários, sejam eles brigadistas ou relacionados ao combate ao desmatamento ou ao fogo, quando há um caso de desmatamento ou de fogo, com um mapa linkado, que você pode navegar até o ocorrido, diminuindo assim o tempo de resposta ao fogo e ao desmatamento e também dando mais capacidade de planejamento das ações.”

Outra plataforma criada por diversas instituições, o site tamodeolho.org.br permite um monitoramento de áreas desmatadas para garantir direitos territoriais para povos e comunidades tradicionais no cerrado.

A bióloga Mercedes Bustamante, hoje presidente da Capes, reforça que medidas para recuperar e impedir áreas desmatadas no cerrado permitem reduzir os efeitos negativos da mudança climática. 

“É importante considerar medidas efetivas para diminuir a taxa de desmatamento no cerrado, legal ou ilegal. Uma segunda medida importante seria investir na restauração dos sistemas que já foram degradados. A proteção contra o desmatamento impede as emissões de gases de efeito estufa para a atmosfera e a restauração aumenta o sequestro de carbono da atmosfera, diminuindo a concentração desses gases que causam o efeito estufa.”

Em termos de fiscalização, o Ministério do Meio Ambiente busca uma estratégia de ação focada nas áreas críticas do desmatamento, em articulação com órgãos ambientais estaduais.

André Lima, secretário extraordinário de Controle do Desmatamento, do Ministério, diz que é preciso uma troca de informações entre diversos entes ambientais para controlar o problema. A meta é o desmatamento zero até 2030.

“Nós estamos numa transição de um absoluto descontrole nos últimos quatro anos para uma retomada do controle e posteriormente direcionar os planos todos no rumo do desmatamento zero até 2030. O que a gente tem que fazer agora é aumentar ao máximo o controle do desmatamento ilegal e assumir o controle do desmatamento legal.”

André Lima ainda ressalta a necessidade de buscar alternativas para evitar que o desmatamento legal ocorra nas propriedades rurais.

“Incentivos econômicos para quem não desmata, pagamento por serviços ambientais em áreas de importância para conservação, criação de unidades de conservação novas, mercados de carbono onde for possível, ou seja, é um conjunto de ações pra desincentivar o desmatamento legal.”

A pesquisadora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) Fernanda Ribeiro reforça a necessidade de políticas para conservação em áreas privadas.

“Para incentivo de política, para conservação, além das políticas públicas que já existem. Então, conservação em áreas privadas, onde a gente tem a má concentração de alertas e de áreas desmatadas. Desmatamento parece que é um problema longe da sociedade, mas na verdade é um problema que está bem perto da gente como um todo.

Cobrindo 25% de todo o país, o cerrado é uma das regiões mais biodiversas e mais ameaçada do mundo. São mais de 6 mil espécies de árvores e 800 de aves. Seu solo, que hoje tanto produz, também é fundamental para garantir água para as principais bacias do país. Preservar o cerrado já é mais que essencial, é vital.

Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/radioagencia-nacional/meio-ambiente/audio/2023-08/cerrado-quais-medidas-podem-ser-tomadas-para-reduzir-o-desmatamento